Nas minhas buscas para encontrar as causas desse afastamento da advocacia, aparece em lugar de destaque a extrema morosidade no curso dos processos, o entulhamento dos Cartórios, a falta de preparo dos serventuários, tudo a mostrar o desinteresse do Estado para com o Poder Judiciário com a carência de juízes, de serventuários e até de material.Lembro-me de que, não faz muito tempo, as dificuldades do Judiciário na Bahia atingiu tal ponto, que não havia dinheiro para a nomeação de juízes concursados. Então reunimo-nos cerca de dez (10) advogados e elaboramos um memorial que foi publicado no jornal “FOLHADE SÃO PAULO”, e só assim foi possível obter a liberação da verba necessária para solução daquele impasse imposto ao Judiciário. Tudo isso torna a advocacia um atividade extremamente cansativa, quase uma insanidade, que conduz o advogado a suplicar aqui e ali nos Cartórios a um e a outro para obter um simples despacho, um ato de simples andamento,( sentença é fruta rara), tornado a advocacia uma profissão subalterna, de pedintes. Do outro lado, o cliente que sofre com a demora na solução de sua questão, sempre a culpar o “descaso” do advogado e, razão da demora na solução necessária. Isto me faz lembrar as palavras , do Prof. Mário Marques, de Direito Civil, que foi presidente da Seção da Bahia , da OAB, e que dizia que a “advocacia é realmente uma profissão humilhante.” Ainda mais:o advogado muitas vezes enfrenta a dificuldade para ter acesso ao juiz ( sobretudo os de primeiro grau), e de desembargadores que não gostam de receber advogados em seus gabinetes, mesmo constituindo este um direito do profissional da advocacia, havendo até Juiz Federal do Trabalho que declara ter verdadeiro horror a advogado. A propósito já há jurisprudência assegurando esse direito de acesso pessoal do advogado ao magistrado..Contudo, certamente estas circunstância afastam o jovem bacharel do exercício da profissão de advogado. Por isso CALAMANDREI, ( “ ELES OS JUÍZES VISTOS POR UM ADVOGADO”) , recomenda que cada juiz deveria ser advogado por uma boa temporada, constantemente e os advogados deveriam ser magistrados por iguais períodos. Assim cada um saberia o que o outro passa , mas tenho minhas dúvidas quando a esseO advogado baiano JUAREZ WANDERLEI escreveu interessando livro sobre o assunto, que merece ser lido por todos os operadores do direito, chamando atenção, especialmente, para a ausência de hierarquia entre os exercentes de cada atividade jurídica, bem como para o tratamento cortês que deve imperar entre todos, mas nem sempre observado. Com efeito é comum verificar-se o indeferimento de perguntas formuladas pelos advogados e a rejeição de seu registro em ata, como manda lei, dando lugar a um mal estar absolutamente desnecessário, e mostra apenas uma prepotência que não pode resultar em nada proveitoso para a Justiça.
Compreende-se o acúmulo de processos , o descaso do Executivo e do Legislativo para com o Judiciário, mas nada disso pode conduzir a um tratamento descortês para com as partes e advogados. Cabe a todos nós lutarmos de todos os modos promovermos os meios para dotar o Judiciário de bons equipamentos , materiais e pessoais, e exigirmos resultados, bons resultados, pois sem um Judiciário sadio, culto e gentil, não pode haver pais desenvolvido, por mais dinheiro que produza, mais pré-sal e petróleo que extraia do seu sub-solo.
EURIPEDES BRITO CUNHA
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