terça-feira, 13 de dezembro de 2011

ADEUS

A vida às vezes  nos oferece uns momentos vagos, podem ser raros , é  verdade, mas eles existem  de  vez em quando, como um presente da natureza e, nesses momentos pensamos, pensamos qualquer coisa , na própria vida com seu curso inarredável, inexorável,  no trabalho,  nas diversões, em nossas leituras, nas peças  de  teatro e nos filmes que assistimos, nos amigos, nos amores...
Lembrei – me agora dos tempos  de colégio, dos colegas, e de alguns até lembrei – me dos nomes ( de pouquíssimos), da faculdade, dos que partiram  para a eternidade. Dos que ainda por aqui permanecendo, aposentaram -se, adoeceram , ou “desapareceram “ sem notícias” ,  e nessa  trilha de pensamentos ao ter na memória aqueles que despediram-se para sempre , a memória trouxe-me a palavra  ADEUS, e sobre ela comecei  a  voltar o pensamento.
O adeus é sempre doloroso, tristonho, mesmo quando enfrentamos um adeus parcial , não definitivo,  por sabermos que em tempo certo haverá o retorno do ente querido que parte.De toda  sorte o adeus nunca é um momento alegre, ainda que estejamos diante de fato apenas momentâneo. É sempre um adeus.
Para mim, em minha lembrança, a  cena que mais caracteriza a solidão do adeus é a presença de Hmphrey Bogard em pé na plataforma, de costas e sozinho, vestindo capa  e usando chapéu, olhando o trem  partir e aumentar a velocidade a cada instante até desaparecer sobe os trilhos. O homem em pé não se move, mesmo após a  composição sumir por trás das montanhas. É a figura materializada, do  adeus!
A dor do  adeus apresenta-se com duas faces:  aquela voltada para a pessoa que parte e a outra que se estampa no semblante e na alma da pessoa que fica. Para esta , certamente , a partida é  mais dolorosa porque permanece participando das mesmas coisas e com as mesmas  pessoas com as quais vivia juntamente com a pessoa querida que se ausentou. E quem viajou encontrará novas amizades, novas ocupações,  (quiçá novos amores ) ,  e enfim, coisas ,  situações nova que ajudarão esquecer o passado , por certo, não de todo , mas atenuando a dor da falta do ambiente amigo ou familiar , pessoas , coisas e atividades deixadas para o passado.
O homem em pé não se  move durante um tempo , mesmo após o desaparecimento do comboio, como se procurasse fazer desaparecer a amargura do adeus. Passado um tempo, ele dá meia volta e dirige-se em direção contrária àquela seguida pelo trem , caminha lentamente e encontra as escadas que levam ao rés  do chão , misturou-se na multidão e desapareceu.
O pior adeus é aquele inexorável, inafastável, eterno. Mesmo sabendo-se de sua vinda, mais dia menos dia, para os jovens e para os velhos, é o adeus em que aquele que se despede  nunca ( ou muito  dificilmente) tem a oportunidade da despedida. É o adeus definitivo, sem volta, sem retorno, sem a chance de um até mais ver, até um dia...é a despedida  final. Mas , tal  como ocorre com outros fatos da nossa vida, embora se, nos conformarmos com eles, somos impotentes para altera –los  e  , muito menos , para impedi –los.
ADEUS,  talvez eu seja um melancólico , abordar assunto até doloroso numa crônica destinada à  publicação  inicial em um blog. Mas, ainda, assim, é um tema sempre presente em nossas vidas, queiramos ou não.
Então, posso encerrar estas palavras com um até breve,  não com um ADEUS, felizmente.
Até mais.
Euripedes Brito Cunha -13.12.011.
         



quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

GREVE E RESPEITO AO DIREITO ALHEIO

A greve e o lok-aut são direitos à paralisação do trabalho, no primeiro caso, a ser exercido pelo empregado e, no segundo, pelo empregador, constituindo-se ambos como exercícios  democráticos, a serem praticados num  Estado Democrático de Direito,o que importa dizer , também, numa prática educada e respeito ao direito do próximo.
Diante desse  breve conceito que  realmente alinhavado, elaborado ao sabor do sofrimento próprio , dos colegas e dos clientes, sobretudo dos  mais pobres, verifica-se que a ausência imotivada do trabalho na Justiça Obreira,   chega  a   mostrar  uma faceta não só ilegal , inconstitucional e desumana, mas que pode atingir  as raias de uma  prática criminosa , levada a efeito justa  e  incompreensivelmente, na atividade mais nobre e civilizada que pode haver, que é a  JUSTIÇA.
E  porque alcança os raios criminosos? Por  ser  um movimento abusivo, que poderia ser e deveria ser , precedido de uma provocação junto à própria Justiça Federal, perante o respectivo tribunal, mas a prepotência assim não permite , sustentando a vontade exclusiva dos grevistas . A Justiça., ora a Justiça...A Justiça é nossa vontade, é nosso querer , e quem vai ousar enfrentar-nos? Os advogados nos temem, pois sabem que não terão (e já não têm bom atendimento, merecem desprezo e desatenção e pronto)  e  manifestando – se contra o absurdo movimento paredista, a coisa  será pior ainda. Então morra de fome quem quiser, tendo os seus processos paralisados mesmo com dinheiro já depositado e até liberado, fechem escritórios de advocacia e vão vender banana na feira, ora essa....
Senhores, trabalho há 53 anos na Justiça  do  Trabalho, venho pois, da época em que imperava o respeito mútuo e a educação, jamais ouviu-se falar em revê judicial .Acho e sempre achei, que todos os trabalhadores devem ganhar bem (e sabemos , todos  sabem que a justiça do trabalho é bem remunerada e deve ser mesmo), mas se os seus servidores querem mais direitos e dinheiro procurem como toda a população brasileira, a Justiça para ver seus direitos acolhidos, ou feche – se o Judiciário trabalhista.
Pergunta-se , para que está servindo o Judiciário Trabalhista? Resposta, para prender o dinheiro dos miseráveis, necessitados, atrapalhar a vida do pais , ter servidões que não trabalham e ganham  remuneração, ajuda de custo alimentação ajuda de custo transporte e tudo isto sem precisar trabalhar, mas só precisando atrapalhar  a  vida dos que trabalham, dos que acreditaram na Justiça.
Crime por não cumprirem seu dever recebendo dos cofres públicos todas as vantagens sem a necessária retribuição   sem cumprir o dever de trabalhar.trabalho
    Curioso  e  estranho que a Justiça do Trabalho obrigou os grevistas dos Correios a voltarem ao trabalho ou perderem o salário e ainda pagar os dias parados, adotando o mesmo procedimento com bancários, mas parece que os serventuários judiciais constituem,  uma casta superior e intocável.
Escreve alguns artigos  enfocando temas exclusivamente jurídicos sobre a maldita  greve, mas é chegado o momento de deixarmos a juridicidade inoperante de lado e atacarmos o problema de frente e como ele merece. Seio que de nada adiantará, mas mostra ao menos que não,abaixamos a cerviz.  Num pais em que a morte, o assassinato nas ruas transformaram-se em rotina, mais um crime , menos um crime, não chama nenhuma atenção.
Não creio em nenhuma solução, a não naquela pensada há alguns anos, antes da Emenda Constitucional 45, quando a Justiça do Trabalho estava mal das pernas e próxima de ser absorvida pela Justiça Comum e , em então lutou desesperadamente para sobreviver com a ampliação de sua competência.
Conseguido o objetivo, então ora, vamos à greve, trabalhar, pra que?
Hoje  inconformados com o protesto dos advogados, estes só faltaram ser agredidos fisicamente pelos prepotentes grevistas. Um absurdo, Um crime mesmo , crime de agressão.
Gente, só rezando, para  quem não é religioso, não tenho conselho a dar.
Salvador,01 de dezembro de 2011

Euripedes  Brito  Cunha-Cons. Vitalicio da OAB.
ebc@britocunha.com.br ( euripedesebc. glogspopt. com)