A vida às vezes nos oferece uns momentos vagos, podem ser raros , é verdade, mas eles existem de vez em quando, como um presente da natureza e, nesses momentos pensamos, pensamos qualquer coisa , na própria vida com seu curso inarredável, inexorável, no trabalho, nas diversões, em nossas leituras, nas peças de teatro e nos filmes que assistimos, nos amigos, nos amores...
Lembrei – me agora dos tempos de colégio, dos colegas, e de alguns até lembrei – me dos nomes ( de pouquíssimos), da faculdade, dos que partiram para a eternidade. Dos que ainda por aqui permanecendo, aposentaram -se, adoeceram , ou “desapareceram “ sem notícias” , e nessa trilha de pensamentos ao ter na memória aqueles que despediram-se para sempre , a memória trouxe-me a palavra ADEUS, e sobre ela comecei a voltar o pensamento.
O adeus é sempre doloroso, tristonho, mesmo quando enfrentamos um adeus parcial , não definitivo, por sabermos que em tempo certo haverá o retorno do ente querido que parte.De toda sorte o adeus nunca é um momento alegre, ainda que estejamos diante de fato apenas momentâneo. É sempre um adeus.
Para mim, em minha lembrança, a cena que mais caracteriza a solidão do adeus é a presença de Hmphrey Bogard em pé na plataforma, de costas e sozinho, vestindo capa e usando chapéu, olhando o trem partir e aumentar a velocidade a cada instante até desaparecer sobe os trilhos. O homem em pé não se move, mesmo após a composição sumir por trás das montanhas. É a figura materializada, do adeus!
A dor do adeus apresenta-se com duas faces: aquela voltada para a pessoa que parte e a outra que se estampa no semblante e na alma da pessoa que fica. Para esta , certamente , a partida é mais dolorosa porque permanece participando das mesmas coisas e com as mesmas pessoas com as quais vivia juntamente com a pessoa querida que se ausentou. E quem viajou encontrará novas amizades, novas ocupações, (quiçá novos amores ) , e enfim, coisas , situações nova que ajudarão esquecer o passado , por certo, não de todo , mas atenuando a dor da falta do ambiente amigo ou familiar , pessoas , coisas e atividades deixadas para o passado.
O homem em pé não se move durante um tempo , mesmo após o desaparecimento do comboio, como se procurasse fazer desaparecer a amargura do adeus. Passado um tempo, ele dá meia volta e dirige-se em direção contrária àquela seguida pelo trem , caminha lentamente e encontra as escadas que levam ao rés do chão , misturou-se na multidão e desapareceu.
O pior adeus é aquele inexorável, inafastável, eterno. Mesmo sabendo-se de sua vinda, mais dia menos dia, para os jovens e para os velhos, é o adeus em que aquele que se despede nunca ( ou muito dificilmente) tem a oportunidade da despedida. É o adeus definitivo, sem volta, sem retorno, sem a chance de um até mais ver, até um dia...é a despedida final. Mas , tal como ocorre com outros fatos da nossa vida, embora se, nos conformarmos com eles, somos impotentes para altera –los e , muito menos , para impedi –los.
ADEUS, talvez eu seja um melancólico , abordar assunto até doloroso numa crônica destinada à publicação inicial em um blog. Mas, ainda, assim, é um tema sempre presente em nossas vidas, queiramos ou não.
Então, posso encerrar estas palavras com um até breve, não com um ADEUS, felizmente.
Até mais.
Euripedes Brito Cunha -13.12.011.
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