terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Último

É  voz corrente  que as  palavras têm força. Têm sim, e têm porque têm, significado , têm uma razão para sua existência , para seu uso traduzem sentimento, alegria, tristeza, sofrimento, vitoria, derrota, sucesso e insucesso.


A palavra último diz muita coisa. E  nessa linha lembro do filme a última sessão   de cinema, quando um jovem assiste ao derradeiro filme exibido no cinema da pequena cidade do interior antes de partir para a invasão  americana do Vietinã , a  sensação de tristeza, de que alguma coisa está ficando para traz, sepultada na névoa dos tempos para nunca mais voltar.

O último  trem que partiu da estação de Santo Antonio das Queimadas,  cidade histórica que abrigava as forças expedicionárias que iam combater o beato Antonio Conselheiro,  acusado sem qualquer razão de ser monarquista, quando, em verdade era mesmo um devoto, um beato, um crente nas forças do além e combateu até o completo  e  extremamente desumano  extermínio dos seus seguidores.


O último adeus no caminho para deixar o corpo do amigo na chamada morada eterna, mesmo sabendo – se que naquela urna nada mais existe. Nada Somente pó, restos sem valor a serem lançados  de volta ao pó, ao nada.

A última aula de um curso . A despedida dos colegas e dos professores que foram nossos companheiros durante  meses ou durante anos nos nossos cursos  de  formação ou especialização.

O último abraço que é trocado com vizinhos e conhecidos por ocasião da mudança  para uma cidade distante , outro pais, outro Estado.

O último beijo na mulher amada que encontrou um caminho melhor, um amor mais forte, e partiu para a felicidade que não podemos oferecer.

A última poesia escrita pelo poeta.O seu último sofrimento, o derradeiro amor,

O último romance que também foi a última inspiração do escritor. 

O último dia de trabalho e a partida para a aposentadoria nem sempre desejada, depois de dezenas de anos de trabalho a que o empregado se habituara.

A última  passagem pela rua  onde tanto brincamos quando crianças e a passagem pela porta da casinha onde morávamos e de lá saíamos para o jogo de bola na rua ou no terreno baldio ao lado.


O último, a última vez, a saudade,  o último beijo e... nada mais... 

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